Parque Nacional Iguazú, o lado argentino das Cataratas

Quando planejam uma viagem para a cidade paranaense de Foz do Iguaçu, são poucos os brasileiros que se dão conta de que a pouquíssimos quilômetros está o Parque Nacional Iguazú, ou seja, o lado argentino das famosas Cataratas do Iguaçu, uma das sete maravilhas naturais do mundo desde 2011.

Localizado na província de Misiones, e próximo ao pueblo de Puerto Iguazú, o Parque Nacional Iguazú foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1984 e abrange uma área protegida de 67.698 hectares. Quando falamos nas Cataratas, estamos falando de mais de 250 cachoeiras numa região de fronteira entre Brasil e Argentina, sendo que a maior parte das quedas está em território argentino.

O detalhe é que é do lado brasileiro que conseguimos ver as quedas d’água e fazer aquelas fotos cinematográficas, inclusive da famosa Garganta do Diabo, cachoeira de 82 metros de altura!

No entanto, o que acontece é que a maioria dos turistas brazucas atravessa a Ponte Internacional da Fraternidade para ir à “feirinha” de iguarias e artesanatos que acontece diariamente no povoado de Puerto Iguazú ou aos casinos próximos à fronteira, sem nem cogitar conhecer as Cataratas do lado argentino, o que é uma pena! Os dois passeios (Cataratas Brasil e Cataratas Argentina) são complementares, sem contar que o lado de lá é maior e tão bonito quanto. 🦋

Como visitar as Cataratas do lado argentino?

O Parque Nacional Iguazú está a quase 1 hora de carro do centro da cidade de Foz do Iguaçu. É possível visitar as Cataratas do lado argentino de carro privado, táxi, ônibus ou com uma empresa de turismo.

Se você decidir atravessar a fronteira com o seu próprio veículo, atenção para alguns documentos, como a Carta Verde, e equipamentos, como o cambão de ferro.

A vantagem dos táxis é que eles podem circular por uma faixa especial na fronteira e driblar (mesmo que um pouquinho) a fila da imigração. E apesar do valor cobrado pelos motoristas ser salgado, vale a pena se você está viajando com um grupo de pessoas. A dica é combinar um valor fechado para a viagem de ida e volta, além de marcar com o taxista o horário de retorno e ponto de encontro – achei o serviço de táxi bastante caro em Foz do Iguaçu, mas o transporte de ida e volta para o Parque Nacional Iguazú deve sair entre 200 e 250 reias, mais do que isso, cuidado!

No caso da Uber ou 99, aplicativos bastante fortes em Foz, muitos motoristas cobram um valor por fora para fazer o trajeto já que, segundo eles, os aplicativos estipulam um preço baixo para a corrida. Mas atenção, pois os veículos de aplicativo não utilizam a via especial da Aduana, o que significa mais tempo na fila da fronteira.

Assim como os táxis, ônibus e vans de turismo também circulam pela faixa especial na imigração.

Há diversas empresas de turismo em Foz que fazem o traslado para a Argentina. O “problema” é que a maioria se limita à tal da feirinha. Caso você opte pelas agências, procure entender o horário de saída e retorno, além de ter em mente que provavelmente o valor cobrado será por passageiro. De acordo com a minha pesquisa, essa opção seria a mais cara, além de ser a mais limitada em termos liberdade para fazer o passeio no seu próprio ritmo.

Sem dúvidas, o meio mais barato para ir às Cataratas da Argentina é o ônibus. No Terminal de Ônibus é possível pegar um ônibus da linha internacional com destino ao pueblo de Puerto Iguazú. De lá, dá para baldear e pegar um outro ônibus com destino ao Parque Nacional. Para voltar, basta fazer o mesmo caminho, sendo possível conhecer a “feirinha” que rola no povoado antes de voltar para o Brasil. Mas atenção aos horários e valores da viagem… vale ter alguns pesos na manga se você escolher se locomover dessa maneira. Encontrei alguns blogs que explicam o passo a passo para quem está em Foz e quer ir de ônibus ao Parque Nacional Iguazú – numa próxima vez eu com certeza testaria essa alternativa, que parece ser bem prática e econômica!

É possível conhecer o parque em um único dia?

Bem, sim. É possível visitar o parque em um dia fazendo um bate e volta da cidade de Foz do Iguaçu.

Mas eu acho que a experiência é melhor e menos exaustiva em dois dias – segundo o funcionário que atendeu a gente na imigração, vale reservar três dias para conhecer o parque!

De qualquer forma, não espere gastar menos do que um dia inteiro para conhecer o Parque Nacional Iguazú.

Isso porque, diferentemente do que ocorre no lado brasileiro, o lado argentino conta com cinco trilhas de diferentes níveis de dificuldade e extensão. Então, a não ser que você 1) seja super esportista, 2) tenha um bom preparo físico e/ ou 3) goste de andar rápido sem observar a natureza, o passeio é bastante cansativo.

No Parque Nacional Iguazú podemos andar sobre as Cataratas! Foto: arquivo pessoal.

Daqui pra frente, vale clicar aqui para dar uma olhadinha no mapa do Parque Nacional e entender melhor a distribuição das trilhas e estações. 🥾

As principais trilhas (ou circuitos) são: Garganta del Diablo (2200 metros ida e volta), Circuito Superior (1750 metros) e Circuito Inferior (1700 metros). A Sendero Verde é uma trilha de 650 metros que você pode fazer para chegar à Estación Cataratas, ponto de partida para os circuitos Superior e Inferior.

Há ainda a Sendero Macuco (3500 metros), uma trilha mais selvagem cuja entrada fica próxima ao Centro de Visitantes. Se você optar por fazê-la, vale buscar mais informações a respeito do funcionamento desse circuito no próprio Centro de Visitantes “Yvyrá Retá” ou com funcionários do parque.

Também é importante você saber que o parque conta com uma pequena malha ferroviária, o “Tren Ecológico de la Selva”, que facilita um pouquinho a vida dos visitantes com suas três estações (Central, Cataratas e Garganta). Então a Sendero Verde acaba sendo uma trilha dispensável, já que você pode usar o trem para chegar às estações Cataratas e Garganta a partir da Estación Central, que fica próxima ao Centro de Visitantes e à entrada do parque.

Vale mencionar que durante minhas pesquisas vi algumas pessoas reclamando sobre o trem ser demorado, mas realmente não tive problemas com esse transporte – utilizei para sair da Estación Central e ir à Estación Diablo; depois da Diablo para a Estacíon Cataratas; e, por fim, da Cataratas para a Central. De fato, acredito que o tempo de chegada/ saída das estações é mais ou menos de 15 minutos, mas nada absurdo – lembrando que estou falando de um dia relativamente tranquilo e fora de temporada.

A dica é caminhar de forma tranquila e prestando atenção às surpresas da mata. Foto: arquivo pessoal.

Se você reservar dois dias para o parque argentino, minha dica é fazer Garganta del Diablo, Circuito Superior e Circuito Inferior no primeiro dia e Sendero Macuco no segundo dia.

Como falei mais acima, a maior parte das Cataratas está na Argentina. Isso significa que as trilhas do Parque Nacional passam por dentro da mata e possibilitam com que as pessoas observem as quedas de cima!

Não custa frisar que o tempo que você vai gastar no Parque Nacional Iguazú só depende de você, bem como ocorre com qualquer passeio ou viagem.

E mais: assim como existe o Macuco Safari no lado brasileiro, há o Gran Aventura na Argentina! O passeio de lancha pelo rio também promete muita molhadeira já que chega pertinho das cachoeiras. Além disso, com o barco é possível fazer a trilha de 700 metros da Isla San Martín, uma pequena ilhota no rio Iguaçu que também ajuda a moldar a paisagem.

Como comprar os ingressos?

Os ingressos para o Parque Nacional Iguazú podem ser adquiridos online através do site. Brasileiros podem comprar os tickets na modalidade Mercosul, e, por essa razão, pagam um pouquinho menos pelas entradas. 😉

Residentes do Mercosul maiores de 17 anos pagam $ 2.500,00 ARS, aproximadamente 90 reais (valores checados em 1 de outubro de 2022).

Sobre a minha ida ao Parque Nacional Iguazú

Minha ida ao Parque Nacional Iguazú foi meio de surpresa. Assim como muitas pessoas que vão a Foz, eu não havia incluído a Argentina nos meus planos e decidi visitar as Cataratas do lado de lá de última hora. Acabei indo ao parque numa sexta-feira de setembro com ingresso comprado para o primeiro horário, 8h.

Assim que cheguei, caminhei em direção à Estación Central para pegar o “Tren Ecológico de la Selva”. Apesar de rústico, achei o parque bem estruturado e sinalizado – inclusive, há diversos pontos para carregar o celular e rede Wi-Fi!

Quase na entrada da estação há um guichê de informações onde os funcionários distribuem tickets para o trem, com horário e vagão. Não entendi muito bem a finalidade já que ninguém checou a “passagem”, mas talvez seja um serviço que faça sentido em dias cheios. Depois de um trajeto de mais ou menos 15 minutos, desci na Estación Garganta. De lá, fiz o Circuito Garganta del Diablo para ver de cima a imponente queda de 82m. Percorri a trilha de volta e peguei o trem mais uma vez, dessa vez para a Estación Cataratas.

Lá fiz os Circuitos Superior e Inferior, um passeio pela mata e por diversas quedas! Infelizmente, quando visitei o parque, ambos os circuitos estavam em manutenção, então não consegui fazer os trajetos completos, que normalmente são circulares, com portais de entrada e saída separados.

Quatis e macacos-prego marcam presença nos locais reservados para alimentação. Por mais fofos que sejam, vale ter cuidado com os animais e nunca alimentá-los! Foto: arquivo pessoal.

O Inferior ficou para depois do almoço. Comi no “ponto gastronômico” próximo à entrada do Circuito Inferior. As opções eram lanche com batata frita ou empanada. Acabei pagando 900 pesos em um combo de 3 empanadas (mais ou menos 33 reais) – achei o valor salgado, mas não tanto para um local turístico, ainda mais quando comparado ao lado brasileiro.

Depois do Circuito Inferior, peguei o trem na Estación Cataratas com destino à Estación Central. Terminei o passeio por volta das 15h.

Àquela altura, cogitei fazer o Sendero Macuco, mas o cansaço falou mais alto! hehe

Também preferi não fazer o Gran Aventura porque havia feito o Macuco Safari, no Brasil, alguns dias antes – e, via de regra, ambos são passeios bastante semelhantes e caros.

E como eu fui ao Parque Nacional Iguazú?

Eu e mais uma pessoa fomos de táxi! Combinamos com um taxista o valor de 250 reais para ir e voltar do Parque Nacional. Ele nos buscaria no hotel às 6h45 e mais ou menos 17h nas Cataratas.

Acontece que assim que o motorista chegou, às 6h45 da manhã, disse que não poderia mais nos buscar à tarde porque “um cliente antigo chegaria em Foz e precisaria do serviço dele pelo resto do dia”. Sacanagem? Com certeza! O taxista pegou a gente totalmente de surpresa – sendo muito honesta, o certo seria cancelar a corrida, o que não foi feito por conta do horário do ingresso. 😓

Depois de reclamarmos bastante por ele nos deixar na mão (já que não havíamos programado uma outra alternativa para volta), o trajeto só de ida saiu por 100 reais.

Para voltarmos para o Brasil acabamos optando por pegar um táxi da Argentina, bem em frente à entrada – o cansaço e a mochila pesada por conta da câmera pediam por conforto; além disso, confesso que graças ao meu erro de principiante não pesquisei muito bem como ir e voltar de ônibus. Depois de negociarmos, os 280 reais viraram 200 – na região, é muito comum os valores serem cobrados em real já que o peso anda desvalorizado. No fim, gastamos 300 reais para ir e voltar do Parque Nacional Iguazú, 150 reais por pessoa. Mais caro que o ônibus, porém mais barato do que com as agências cotadas.

Assim como a ida, a volta foi bastante rápida! Os horários que fui e voltei foram bastante práticos e passaram bem longe das temidas filas da imigração.

16 detalhes importantes para você saber antes de ir

1. Lembre-se que o Parque Nacional está em outro país, apesar de estar a poucos minutos de carro da cidade de Foz do Iguaçu! Então para entrar na Argentina é preciso ter em mãos RG ou passaporte; CNH serve somente para visitar Puerto Iguazú. 🇦🇷

2. A moeda oficial da Argentina é o peso argentino. Mas vale levar pesos? Para um bate e volta de um dia, com transporte fechado e ingressos comprados, eu penso que não. É possível pagar alimentação e lembrancinhas em reais (mas, nesse caso, o troco é em peso) ou com o cartão de crédito. Quando visitei as Cataratas argentinas me planejei para gastar com almoço e regalos usando meu cartão, e não acho que sai no prejuízo. Acredito que vale ter alguns pesos na manga quando você pretende pernoitar na Argentina, fazer o trajeto Foz-Puerto de ônibus ou então se tem outra viagem marcada pela terra dos hermanos.

* Caso você opte por usar o cartão de crédito, lembre-se de ativar o Aviso de Viagem no seu cartão e se certificar que ele efetua transações internacionais. Se você preferir pagar em real, no Parque, confira a cotação e atente-se ao troco, que será em pesos. E se você quiser levar alguns pesos, tanto em Foz do Iguaçu quanto em Puerto Iguazú há diversas casas de câmbio, mas vale mais a pena fazer a troca no Brasil!

3. É possível levar sua própria comida e bebida para consumir por lá – o que já poupa certos gastos! Mas se você preferir provar um pouquinho da culinária argentina, o Parque Nacional conta com quiosques de snacks, onde servem lanches e empanadas, além de restaurantes. 🥟

4. Leve pelo menos uma garrafa de água e uma de Gatorade (ou alguma bebida semelhante)!

5. Não se esqueça de levar repelente, protetor solar e boné!

6. Prepare-se para se molhar! Em diversos pontos das trilhas é comum tomar um banho por conta do vento e das quedas. Então, se você não curte ficar molhado, vale ter uma troca de roupa e capa de chuva na mão! Também recomendo uma muda para o caso de dias e estações mais frias.

7. Vá com roupas leves e sapatos confortáveis! Vale apostar em casacos próprios para trilhas e do estilo corta-vento e impermeável (que ainda poupam você de carregar troca de roupa e capa de chuva) – sugiro marcas como Quechua, Tribord ou The North Face.

8. Quando estava em Foz, o que mais ouvi de moradores e trabalhadores do turismo foi: “Se você for pra Argentina, melhor se programar para umas 2 horas de fila na Aduana”. Bem, eu fui apenas uma vez para a Argentina via Foz do Iguaçu, mas posso dizer que com certeza não fiquei mais do que 15 minutos na Aduana. Então, para evitar uma longa espera na fronteira, a dica é ir cedo e preferencialmente durante a semana! A maioria das agências de viagem e turistas vai à Argentina por volta das 9h; por isso, acaba sendo um tanto quanto natural a enorme fila na fronteira nesse horário. No dia em que eu visitei o lado argentino das Cataratas, passei pela Aduana entre 7h e 7h30.

9. Táxis, ônibus e vans de turismo podem circular por uma via especial na fronteira. Por isso, esses veículos costumam passar mais rápido pela Aduana.

10. Tenha um plano B na manga para voltar ao Brasil!

11. Outra razão para ir cedo é aproveitar melhor o dia nas Cataratas, especialmente se você pretende fazer o passeio em uma única visita. Normalmente, o Parque Nacional abre às 8h e fecha as 17h. 🌳

12. Não custa reforçar: evite os finais de semana ao planejar a sua visita!

13. A maioria das trilhas do lado argentino é acessível para cadeirantes, pessoas com mobilidade reduzida e carrinhos de bebê.

14. Há uma taxa de turismo na Argentina. No entanto, pode acontecer de você escapar dessa taxinha. Segundo me explicaram, essa taxa é cobrada de forma aleatória, como uma blitz em pontos chaves das rotas turísticas. O valor é de 5 reais, podendo ser pago com a moeda brasileira. Quando fiz o passeio, não paguei essa taxa (acredito que na ida foi sorte; na volta, o fato de estar em um carro da Argentina deve ter ajudado).

15. Lembre-se: o ingresso do parque é válido para um dia. Se você optar por visitar o Parque Nacional em dois dias, por exemplo, será necessário adquirir dois ingressos.

16. Uma vez dentro do parque, você pode fazer as trilhas do jeito que desejar e circular por elas quantas vezes quiser. Alguns recomendam começar pela Garganta del Diablo, cujo mirante costuma lotar, e outros dizem para deixar essa trilha para o fim do dia… bem, fora de temporada, tenho certeza que será incrível em qualquer horário. 🙂

#CataratasTodoElAño

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Este texto refere-se à viagem que fiz a Foz do Iguaçu em setembro de 2022. Portanto, alguns dos pontos relatados aqui podem ter mudado e talvez estejam funcionando de forma diferente.

Capa:

Parte do Circuito Garganta del Diablo no Parque Nacional Iguazú, em Misiones, Argentina. Foto: arquivo pessoal

2 comentários sobre “Parque Nacional Iguazú, o lado argentino das Cataratas

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