“(…) eu acho que as pessoas subestimam um pouquinho essa trilha e se esquecem que é um rolê que envolve subida e descida (…).”
E foi mais ou menos assim que comecei a minha avaliação no Tripadvisor sobre a subida ao pico do Pão de Açúcar no Saco do Mamanguá, em Paraty.
Mas vamos começar do começo! 🥾
Conhecido como “fiorde brasileiro”, o Saco do Mamanguá é uma entrada de mar de 8 km de extensão que fica próxima ao bairro de Paraty Mirim, em Paraty, Rio de Janeiro.
Dentre todas as belezas do Saco, o pico do Pão de Açúcar está entre os pontos mais badalados entre os turistas que visitam a região todos os dias. Isso porque, do alto de seus 425 metros de altura, a montanha proporciona uma vista panorâmica do Saco do Mamanguá – sim, lá de cima é possível contemplar desde o fundo do Saco até a praia do Cruzeiro e a Ilha do Algodão. Melhor do que isso, talvez, só com um drone.

E se você está se perguntando como chegar ao pico do Pão de Açúcar, a melhor forma é indo de carro até Paraty Mirim e lá pegar um barco até a praia do Cruzeiro, onde está o acesso à trilha, falo mais sobre isso no final deste post.
Ah! E antes que você pergunte: não, não é preciso pagar nenhuma taxa ou valor de entrada. O acesso é livre.
Mas agora vamos ao que interessa e ao motivo principal de você ter clicado neste texto…
Essa trilha é para todo mundo?
Por ser um ponto turístico bastante divulgado pelos guias e moradores de Paraty, é de se imaginar que os frequentadores dessa trilha não sejam só aqueles trilheiros raiz que encaram os terrenos mais acidentados.
No entanto, já começo esta “review” reforçando a primeira frase deste texto: a trilha para o pico do Pão de Açúcar é bastante subestimada. E apesar de ter visto algumas agências de turismo classificando-a como moderada ou difícil, no boca a boca o papo é outro. Inclusive, algumas pessoas descrevem essa trilha como fácil no Tripadvisor, o que, na minha opinião, é de uma irresponsabilidade imensa.
Se você já deparou com algum comentário afirmando que essa trilha é fácil e tranquila, sem mais nem menos, tenha certeza de que o autor ou autora vive em uma bolha. Afinal, cá entre nós: tudo bem você falar sobre a sua experiência e afirmar que consegue fazer algo com tranquilidade, mas ainda assim assumir que existem certos desafios e limitações – especialmente na hora de fazer uma avaliação na internet (!!!).
Bom, somente 1.5 km separa o início da trilha do ponto mais alto do pico, que está a 425 metros acima do nível do mar. Se você já fez as contas, sabe que isso significa que a trilha em direção ao topo do Pão de Açúcar é totalmente íngreme.
Agora, antes de continuarmos… pare e reflita: uma subida de mais ou menos 1.5 km em uma trilha rústica e estreita na mata é apropriada para pessoas que 1) não possuem preparo físico adequado, 2) não estão com roupas ou calçados apropriados e 3) não gostam de trilha?
Espero que sua resposta para todos apontamentos acima tenha sido “não”. No entanto, vi pessoas circulando de chinelo, vi turistas de jeans ou vestido, vi gente claramente apostando corrida para ver “quem chega mais rápido” e, claro, vi um casal subindo com um golden retrivier por aquele caminho escorregadio e apertado.
Vale mencionar também que o trecho final é pura rocha. E se você ainda não se deu conta, não espere por um planalto ou algo do tipo lá em cima. Afinal, estamos falando de uma pedra gigante que dá forma ao topo da montanha.
Por aí, já dá para perceber que a minha réplica para a pergunta do título é não, essa trilha com certeza não é para todo mundo!
Se você não gosta de trilha ou não está habituado, não tem preparo físico, não gosta de barro, tem medo de altura ou se para você o simples fato de estar em contato com a natureza não basta (depois que li um comentário em que a pessoa disse “caminhada cansativa, sem muitos atrativos no topo” a respeito de uma outra trilha, espero de tudo), não suba a trilha do pico do Pão de Açúcar. Não se arrisque e respeite seus limites.
A paisagem é linda e com certeza uma das minhas melhores memórias em Paraty, mas não vale a pena se você se enquadra em um dos pontos que mencionei. Inclusive, achei uma tremenda falta de cuidado por parte da prefeitura da cidade não ter nenhum tipo de fiscalização em relação a quem entra na trilha, principalmente levando em conta a quantidade de turistas que circula pela região.
Como chegar?
A trilha para o pico do Pão de Açúcar começa na praia do Cruzeiro, a primeira praia com serviço do Saco do Mamanguá, cujo acesso se dá por meio de barco – normalmente a partir de Paraty Mirim.
É possível estacionar em um dos estacionamentos de Paraty Mirim (os preços podem variar entre 20 e 30 reais, o dia inteiro) e fechar ida e volta direto com um dos barqueiros do cais (o valor vai de 200 a 300 reais e o trajeto gira em torno de 15 minutos).
Mas se você prefere algo tipo tour, diversas agências de Paraty oferecem passeios tanto para o Saco quanto para o cume do Pão de Açúcar – embora seja bastante possível fazer esse rolê sem um guia (não é como se esse fator fosse fazer muita diferença na hora do sufoco, sinceramente. Precisa avisar que por lá não pega sinal de celular? rs).
Vai encarar?
Então evite subir o pico sem sapatos ou roupas apropriadas, e nem pense em fazer esse passeio durante a primavera ou verão por conta das chuvas. A melhor época para fazer essa trilha (e qualquer outra) é durante o inverno.
Vale também evitar carregar peso desnecessário, mas ter em mãos pelo menos 1 litro de água e alguma bebida como Gatorade (por pessoa) é muito importante.
Procure começar a trilha de manhã, cedo. Perto do horário do almoço o movimento aumenta e, bom, minha dica é evitar o topo ou o próprio percurso em horário de lotação.
Faça esse passeio no seu ritmo e curta a natureza. Não vale entrar na naquela neura de “tenho que subir em 1h30 e descer em 50 minutos”. Isso é furada.
Se possível, leve aqueles bastões de apoio. Apenas um trecho possui corda, mas ter algo em que se apoiar ao longo do trajeto pode ser de muita ajuda!
Por fim, não se esqueça que tudo o que sobe tem que descer. 😉
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Capa:
Vista para o fundo do Saco do Mamanguá do topo do Pão de Açúcar; abaixo, a praia do Cruzeiro. Foto: arquivo pessoal
Excelente artigo
Lembrando que em caso de acidente o acesso ao socorro é muito difícil e complicado
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