Assim como o Buraco das Araras, a flutuação no Rio da Prata não é em Bonito, mas em Jardim, município ao lado. Contudo, pelo fato de Bonito ser o point do turismo ecológico, o passeio é vendido nas agências de lá.
Como eu falei aqui, o Rio da Prata, a Lagoa Misteriosa e o Buraco das Araras ficam próximos e vale a pena tentar fazer todos no mesmo dia – basta agendar com antecedência para encaixar os horários. O nosso dia foi assim: Flutuação Rio da Prata (8h30) – Almoço – Mergulho na Lagoa Misteriosa (14h00) – Buraco das Araras (16h40). Deu para aproveitar tudo sem estresse.
O Recanto Ecológico Rio da Prata é uma propriedade privada que oferece diversas atividades, como passeios a cavalo, trilhas, mergulho e flutuação. Aliás, a Lagoa Misteriosa está na mesma propriedade, a Fazenda Cabeceira da Prata.
Apesar do nome do passeio ser “flutuação no Rio da Prata” praticamente todo o percurso na água é feito no rio Olho D´água, só no final nadamos no Rio da Prata. Esse é o passeio de flutuação mais famoso da região e isso se deve ao fato de ser o mais longo: 1800 metros. Porém, são os 1800 metro que mais valem a pena!
O Recanto Ecológico
Esse foi o primeiro passeio da viagem de Bonito e ele nos deixou uma boa primeira impressão em relação às atividades de lá.
Chegamos mais ou menos às 8 horas – vale chegar um pouco antes do horário marcado para receber informações úteis e necessárias sobre o passeio e para dar uma volta no local. Em frente ao estacionamento está o receptivo do Recanto Ecológico. É uma casa com um balcão, lojinha e restaurante, além das mesas externas e redes. Ao lado da casa principal estão os banheiros e vestiários – todos muito bons e limpos!
Um funcionário bastante simpático nos recebeu e pegou nossos vouchers. Tivemos de preencher um papel com nossos nomes e informações de saúde, por questões de segurança. Ele falou para ficarmos à vontade que, quando fosse o horário, ele nos chamaria. Há uma rede Wi-fi na sede, mas ela não é muito boa.
A lojinha é cheia de produtos bacanas do Recanto Ecológico e não é absurdamente cara – têm estatuetinhas, bonés, camisetas e até Doce de Leite produzido na fazenda! Lá eles também alugam câmeras aquáticas, inclusive GoPro, sem contar que alugam acessórios individualmente, caso você já tenha a máquina – um suporte que boia custa R$10,00. O legal é que há um computador lá mesmo para você descarregar as fotos, então levar um pen-drive pode ser bastante útil.
No entorno da sede há hortas, muitas árvores e um terreno aberto para as vacas. Também há diversos poleiros, onde os funcionários colocam sementes e Araras- vermelhas, papagaios, periquitos e muitos outros pássaros aparecem de repente para comer – é lindo demais, eu nunca havia visto Araras tão de perto! Veja mais fotos do passeio no final do post.
O passeio
Quando o relógio marcou 8h30, o funcionário que nos recebeu chamou todos que fariam o passeio e nos levou até a casinha em frente à sede: no centro uma janela que dava para uma sala cheia de roupas de neoprene, um mapa ao lado da janela e nas laterais portas que indicavam o vestiário feminino e masculino. Sentamos em bancos de madeira de frente para essa janela e o nosso guia chegou: o Aladin. Antes de tudo, devo dizer que ele foi 10!
Ele nos explicou, através do mapa, como seria o passeio, o nosso trajeto, a distância que seria percorrida, por onde passaríamos e deu um briefing de como deveríamos agir durante a flutuação. Ele foi superconfiante e até convenceu minha mãe, que morre de medo de água, a fazer a flutuação (ele falou para ela segurar o tempo todo no pé dele).
Como seria: pegaríamos uma caminhonete, no receptivo, que nos levaria até o início da trilha. Lá caminharíamos até a nascente do rio Olho d´água – praticamente toda a flutuação é nesse rio, só o finalzinho é no Rio da Prata. Ficaríamos um tempinho na nascente, para treinar a flutuação, as normas de segurança e para o guia ver como era o ritmo de cada um. Depois desceríamos o rio até um ponto de correnteza, onde voltaríamos para trilha e caminharíamos até a correnteza diminuir, voltaríamos a flutuar até outra nascente, onde havia um ponto de descanso. Ai flutuaríamos até o Rio da Prata, onde havia uma plataforma e um barco esperando. E ele nos levaria até a base final (vestiário), onde pegaríamos a caminhonete para voltarmos para o receptivo. A duração da flutuação no Rio da Prata é de , mais ou menos, 4 horas.
O Aladin estava com uma “sacolona” de plástico, onde todos nós colocamos os pertences que gostaríamos de receber na base (sapato, toalha, roupa seca, repelente e etc). Não há armários guarda-volumes, por isso pegue só o necessário e deixe o resto no carro.
Equipamento e recomendações para a flutuação
Explicação concluída, pegamos nossos equipamentos com o moço da janela e nos vestimos nos vestiários ao lado. O equipamento de flutuação está incluso no valor do passeio.
O Recanto Ecológico fornece: roupa de neoprene (5mm), bota de neoprene, máscara, snorkel e colete salva-vidas. O neoprene é um material próprio para atividades na água, pois faz com que você boie e protege seu corpo da temperatura da água.
A primeira coisa que o guia fala antes de todo mundo colocar a roupa é: “faça xixi agora”. Isso porque se você fizer xixi no neoprene ele vai ficar “grudado” ali e o cheiro vai impregnar – imagina alguém colocar isso depois (uuurghh). Então, faça xixi antes de vestir o neoprene, principalmente as mulheres, pois para os homens é bem mais prático. O ideal é colocar a roupa de neoprene por cima das roupas de banho (biquíni/ maio/ sunga).
Dica: logo depois que vestir o neoprene peça para alguém assoprar as suas mangas, pois isso ajuda a roupa se ajustar no seu corpo. Outra coisa que você pode fazer é tomar uma ducha (ao lado do vestiário), visto que o neoprene esquenta e a água refresca, isso também faz com que a roupa fique um pouco mais confortável e ajuda a afastar mosquitos e pernilongos ao longo da trilha.
Logo que a gente chega ao Recanto, o pessoal já pede para não passar repelente ou protetor solar. Afinal, o material desses produtos é um mega agressor para as águas cristalinas da região. Imagina a poluição que seria se todo mundo que fosse fazer o passeio passasse repelente e filtro? Além disso, pelo fato do passeio inteiro ser feito com roupas de neoprene, não faz muito sentido se entupir de filtros.
Flutuação
Todos equipados e prontos, nós entramos no caminhão. Ele nos deixou no início da RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural), que marca o começo da trilha. Começamos a caminhada, que durou 30/ 40 minutos e foi cheia de explicações do Aladin. Vimos árvores centenárias, Ipês, Bacuris, orquídeas, diversas espécies de aves, Cotias, pegadas de Porquinhos e trilhas de Anta e Tamanduá. Durante a trilha, pode ser que você veja esses mamíferos que citei e outros, como o Macaco-prego e o Quati, mas pode ser que não, então não desanime! Posso garantir que, só de caminhar no meio daquele Cerrado, com árvores gigantes e imponentes, já é muito bacana.
A trilha termina na nascente do rio Olho d´água e lá há uma plataforma com coletes salva-vidas e um monitor ambiental, que é responsável por controlar quantas pessoas entram no rio e por avisar a sede que o grupo X já chegou ali. De fora já dá para ver os muitos peixes nadando para todos os lados, naquela água extremamente limpa – a água é cristalina por conta da alta concentração de calcário! Nessa parte, a temperatura da água é constante e é de 24ºC.
O Aladin nos passou instruções de segurança, como sempre virar de barriga para cima quando quiser arrumar a máscara ou pedir por ajuda, nunca, jamais, colocar os pés no chão, manter-se reto e não bater as pernas. O grande segredo da flutuação é ficar calmo e aprender a respirar pela boca. A água é muito cristalina e se você pisar a areia do fundo sobe e quem está atrás de você fica com a visão totalmente turva. Ele também orientou que colocássemos os coletes salva-vidas, mesmo não sendo 100% necessário, visto que o neoprene já nos faz boiar, pois passaríamos por uma área com muitas pedras e o colete protegeria nossos peitos bem mais que o neoprene – ele até indicou cortes anteriores em nossas próprias roupas.

Primeiro o Aladin e o monitor entraram na água e passaram mais alguns procedimentos de segurança e orientações para flutuar e pronto! Todos nós entramos pela escadinha do deck. A água estava morninha, mas com o neoprene não deu para sentir frio. Ali é permitido colocar o pé no chão – apenas dentro do círculo de pedras. Ajustamos e limpamos as máscaras (é só dar aquela cuspida básica :p). Quando coloquei a cabeça na água e comecei a flutuar senti até um arrepio, parece até mentira a paisagem dentro d´água – a vista é extremamente linda, um outro mundo, praticamente. Ficamos ali por uns 10/15 minutos flutuando livremente e depois treinamos, em fila indiana, atrás do Aladin, dando uma volta na nascente. É incrível ver a água saindo de um buraco no chão!
Tenha em mente que, ao longo da flutuação pode ocorrer de você ver jacarés, lontras e cobras, além dos peixes. Mas, não se assuste e procure manter a calma. Procure ficar logo atrás do guia, pois ele irá apontar animais ou elementos interessantes de se ver.
Depois, descemos o rio por um tempo que eu nem faço ideia. A água é tão azul e cristalina quanto vemos nas fotografias. Há peixes de todos os tamanhos e cores. Nadamos ao lado de cardumes de Piraputangas e Curimbás. Seguimos em fila indiano durante todo o trajeto, sempre sendo um pouco levados pela leve correnteza. O mais incrível foi que a água estava cristalina o caminho todo, dessa forma tudo é muito nítido lá embaixo. Vimos peixes na vertical comendo troncos, Pacús, milhões de Lambaris, Piraputangas bebês e até mesmo Dourado, o rei dos rios da região.
No fim da primeira parte da flutuação a correnteza aumenta, então há uma corda para nós agarrarmos e seguimos a pé por mais alguns minutos. Depois voltamos para o rio no fim da correnteza e numa área cheia de pedras – o Aladim instruiu como deveríamos enfrentar aquele trecho. Por fim, deu para passar por essa parte com bastante tranquilidade. Seguimos para uma outra nascente, com 5/7 metros de profundidade. Ficamos uns 10 minutos por lá, uns nadando e outros na plataforma. Deu para fazer muitas apneias com a finalidade de “tocar” na nascente – antes de realizar a apneia, peça orientação para o seu guia. Foi lá que vimos um cardume maravilhoso de Curimbás (foto de capa deste post)!

No trecho final do passeio entramos, de fato, no Rio da Prata – a profundidade é maior, a água fica bem mais gelada e turva. Percorremos 2 km até chegarmos ao ponto de encontro do Olho d´água com o Rio da Prata. Não deixe para fotografar e filmar no final, você não conseguirá muitas imagens legais. Essa parte foi rápida e logo alcançamos o barco. A partir de então, o trajeto foi de barco, observando a paisagem fora d´água. Quando chegamos à base bateu uma tristeza, não posso negar, pois nosso passeio havia chegado ao fim. Tiramos o equipamento no deck e pegamos nossas roupas/ utensílios na “sacolona”. O vestiário de lá é só para se secar e trocar de roupa, chuveiro só no receptivo. Então, nos dirigimos para a caminhonete, que já estava nos esperando.
Nosso grupo era de 7 pessoas (contando nós 4) mais o guia. De acordo com o site, o passeio é realizado em grupos de até 9 pessoas. Todo mundo lá era bacana e contribui para que o passeio fosse ótimo!
Almoço incluso
Chegamos ao receptivo 12h30/ 13h00. O Recanto Ecológico Rio da Prata oferece almoço para os visitantes. E ele é delicioso! A comida é caseira, típica do Mato Grosso do Sul, fresquinha e com várias opções. Sem contar que os doces servidos de sobremesa são produzidos na própria fazenda. Apenas as bebidas e o que for consumido no bar não está incluso no valor do passeio. Depois do almoço, vale descansar nas redes e caminhar pela área, a não ser que você já tenha atividade marcada.
Caso o seu passeio seja no período da tarde, você pode chegar mais cedo e almoçar.
A melhor flutuação de Bonito
A flutuação no Rio da Prata foi a melhor da viagem e venceu por unanimidade! O passeio foi seguro, o guia foi atencioso, ele acompanha o grupo dentro d´água o tempo inteiro, e os funcionários foram todos simpáticos. A estrutura do Rio da Prata é de primeiro mundo, bem como a competência do pessoal que trabalha lá.
Além disso, uma das coisas mais legais é o fato de o passeio ser longo, o que faz com que a gente veja muita coisa bonita! Só vendo pessoalmente dá para saber o quão lindo e perfeito é aquele mundo aquático!
- Site do Recanto Ecológico Rio da Prata aqui – não deixe de ler antes de marcar o passeio! Há tudo, desde informações ecológicas até informações relacionadas à flutuação.
- Veja aqui informações a respeito da localização da Fazenda Cabeceira da Prata – 50 km de Bonito
- Leia esse post para obter mais informações a respeito de roteiro e valores dos passeios
Dicas
- Leve repelente e protetor solar, mas passe depois da flutuação!
- Não é necessário saber nadar para realizar a flutuação, então não deixe de fazer por isso.
- Coloque na “sacolona” apenas o necessário, como roupa íntima, muda de roupa seca e sapato.
- Caso você não tenha uma câmera subaquática, vale a pena alugar uma. Mas, atente à bateria e cartão de memória da máquina – saiba que o valor do aluguel não está incluso.
- Se pretende alugar câmera, leve o seu pen drive, o valor o pen drive de 8 GB para descarregar as imagens e vídeos não está incluso.
- Se você usa óculos, vá de lentes de contato – não atrapalha em nada na flutuação.
- O passeio só pode ser agendado por agências de turismo
Todas as imagens deste post são de arquivo pessoal.